No início deste mês, um anúncio da empresa Homerun Resources Inc. deixou claro o enfraquecimento político dos líderes belmontenses que estiveram à frente do município nos últimos quatro anos. A primeira fábrica de vidro solar da América Latina, com capacidade para produzir 1.000 toneladas diárias, será instalada em Camaçari — e não em Belmonte, como era inicialmente especulado. A expectativa em torno da instalação da unidade em Belmonte, começou a ganhar força em outubro de 2023, quando a Homerun Brasil Mineração Ltda apresentou seu plano para explorar a areia industrial da região de Santa Maria Eterna, reconhecida pela alta pureza do material. Em dezembro do mesmo ano, o prefeito Bebeto Gama, com muita pompa e sorriso no rosto, chegou a participar da assinatura de um contrato entre o Governo do Estado e a empresa, prometendo investimentos na ordem de R$ 1,5 bilhão para a instalação de plantas industriais em áreas estratégicas da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) e a esperança de um grande avanço econômico para Belmonte.

Entretanto, a história tomou outro rumo. Belmonte, apesar de suas expectativas, não conseguiu manter o interesse da Homerun para a instalação da fábrica. Camaçari, com uma infraestrutura completa que inclui energia elétrica, água, gasoduto e um porto de águas profundas, se mostrou uma escolha mais atraente. Além disso, a eficiente articulação política de Camaçari garantiu o apoio decisivo do governo estadual, algo que os líderes de Belmonte não souberam fazer.

Enquanto os representantes de Camaçari trabalharam intensamente para conquistar esse importante investimento, os políticos belmontenses, liderados por Bebeto Gama, perderam tempo em viagens a Salvador que, aparentemente, serviram apenas para tirar fotos e fazer promessas eleitoreiras, sem resultados concretos para o município. A fábrica, que poderia ter transformado a realidade econômica de Belmonte, criando empregos e atraindo investimento estrangeiro, foi para Camaçari.

Como “prêmio de consolação”, Belmonte receberá uma pequena fatia de um fundo voltado ao desenvolvimento educacional nas áreas impactadas pela exploração de areia e instalação industrial e a participação dos impostos de extração do mineral que, até este mês de outubro, rendeu ao município a quantia de R$ 558.694,63 em impostos, segundo dados da Agência Nacional de Mineração. Contudo, isso está longe de compensar a perda da instalação de uma fábrica que poderia ter sido o ponto de virada para o município.

Com o fim do mandato de Bebeto Gama se aproximando, e um próximo governo se iniciando em 2025, a população de Belmonte aguarda por mudanças significativas. A falta de ação e a incapacidade de articular politicamente em prol do município deixaram marcas profundas e o novo governo terá que lutar para reverter o quadro de estagnação e trazer de volta as esperanças de desenvolvimento para a cidade.