Na manhã desta quinta-feira (03/04), o Professor José Maria Landim, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), realizou uma importante apresentação sobre os resultados dos estudos da erosão costeira que afeta a Praia do Mar Moreno e o município de Belmonte. O evento aconteceu na sede da Câmara de Vereadores e contou com a presença do Prefeito Iêdo Elias, vereadores, empresários, comerciantes, funcionários públicos e membros da comunidade. O Prefeito Iêdo Elias iniciou o evento destacando a dedicação do Professor José Maria Landim aos estudos do litoral belmontense desde a década de 1980, tornando-se uma grande autoridade no assunto. O Presidente da Câmara, Luluca da Ambulância, também ressaltou a importância dos dados científicos para auxiliar na busca por soluções para o problema.
Durante sua exposição, o Professor Landim explicou que a planície de Belmonte foi formada por sedimentos transportados pelo Rio Jequitinhonha, criando o chamado delta do rio. Ele enfatizou que a erosão costeira não destrói a praia, mas sim altera sua posição, avançando para dentro do continente.
O pesquisador apontou que esse fenômeno é agravado por mudanças climáticas, que impactam o regime de chuvas e a vazão do rio, além de elevar o nível do mar devido ao derretimento de geleiras e à expansão térmica das águas. Ele também apresentou o estudo intitulado “O Panorama da Erosão Costeira do Brasil”, que analisou 1.450 km do litoral nos estados da Bahia, Sergipe, Alagoas e Paraíba, identificando processos de erosão e progradação costeira. Os dados apontam que a área entre o aeroporto e a Praia do Mar Moreno está em risco de inundação por estar abaixo do nível do mar. No entanto, o professor destacou que os estudos ainda não são conclusivos.
O Professor Joanito Oliveira apresentou o estudo “Avaliação da Vulnerabilidade ao Aumento do Nível do Mar”, que identificou as áreas mais suscetíveis a alagações em caso de elevação do nível do mar. Ele destacou que a erosão é um problema complexo e que ainda são necessários mais estudos para definir soluções eficazes.
O Professor Landim reforçou que qualquer obra de engenharia será apenas uma medida paliativa, demandando altos investimentos. A solução mais viável, segundo ele, é a gestão do uso e ocupação do solo, preservando uma faixa de recuo a partir da área de erosão histórica, onde não devem ser permitidas construções permanentes. Ainda sobre as causas da erosão, Landim explicou que não há evidências conclusivas de que a barragem de Itapebi seja a principal responsável pela redução da vazão do Rio Jequitinhonha.
Durante a sessão de perguntas, o Prefeito Iêdo Elias expressou preocupação com o futuro dos investimentos imobiliários no município. O Professor Landim garantiu que, desde que a faixa de recuo seja respeitada, o risco para as próximas décadas é pequeno. Ele também esclareceu que o Terminal Marítimo de Belmonte, operado pela Veracel, tem um impacto insignificante na erosão da Costa do Descobrimento. A apresentação foi encerrada com um debate aberto, onde os participantes tiveram a oportunidade de esclarecer dúvidas e discutir possíveis ações para mitigar os impactos da erosão costeira na região. O evento reforçou a importância dos estudos científicos na formulação de políticas públicas voltadas à preservação do litoral de Belmonte.