Um indígena identificado como João Celestino Lima Filho, de 50 anos, morreu após ser baleado durante um confronto fundiário ocorrido em uma fazenda localizada na zona rural do município de Prado, no extremo sul da Bahia. O caso foi confirmado neste domingo (6) pela Polícia Civil de Teixeira de Freitas, responsável pela investigação. Segundo informações da corporação, cerca de 20 indígenas da Aldeia Reserva dos Quatis, pertencente ao território Comexatibá, ocuparam a fazenda na madrugada da última sexta-feira (4), com o objetivo de retomar a área, considerada por eles como parte do território tradicional.

De acordo com relatos, os indígenas anunciaram que buscavam dialogar com os ocupantes do imóvel e, em seguida, deram início a manifestações culturais em frente à sede da propriedade. No entanto, o grupo foi surpreendido por disparos de arma de fogo feitos por dois homens que estavam dentro da residência. João Celestino foi atingido por um tiro na região abdominal. Mesmo ferido, ainda entrou em luta corporal com um dos suspeitos, o que resultou na queda da arma no chão. Os dois homens fugiram do local em um veículo, deixando para trás alguns pertences, não especificados pela polícia. Ninguém foi preso até o momento.

A vítima foi inicialmente socorrida e levada para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Prado. Diante da gravidade do ferimento, foi transferida para o Hospital Regional Costa das Baleias, em Teixeira de Freitas, onde morreu na noite de sábado (5).

Versões divergentes

Os homens apontados como autores dos disparos apresentaram outra versão à polícia. Segundo eles, estavam dormindo quando foram surpreendidos por pessoas armadas com pedaços de madeira e facões, que teriam arrombado a porta da residência. Alegam que agiram em legítima defesa e que a pistola utilizada teria falhado após alguns disparos, sendo tomada por um indígena durante a luta corporal. Um deles teria se ferido e passou por exames de corpo de delito. A pistola, que estava registrada legalmente, foi apreendida pela polícia, assim como três cápsulas deflagradas e um pedaço de madeira encontrado no local.

O caso foi inicialmente registrado como tentativa de homicídio, esbulho possessório com uso de violência e lesão corporal. As investigações seguem sob responsabilidade da Delegacia Territorial de Prado.