O vereador Rogério Bahia subiu pela última vez à tribuna do Legislativo belmontense na recente sessão da Câmara Municipal desta segunda-feira (16/12), encerrando seu mandato com um discurso inflamado e repleto de críticas. Com palavras marcadas por mágoa e ressentimento, o parlamentar direcionou ataques a desafetos, fazendo uso de sua história de vida como argumento, ao mesmo tempo em que se vangloriava de ter enfrentado o “sistema” para defender a controversa gestão do ex-prefeito Bebeto Gama. No entanto, seu tom combativo e suas justificativas não conseguiram esconder os problemas que marcaram sua trajetória política.
Rogério Bahia aproveitou o momento para exaltar sua votação, descrevendo-a como a melhor de sua carreira, mesmo após sofrer derrota. No entanto, a narrativa de “vitória moral” foi contrastada pela realidade: o vereador contou com o apoio explícito de um prefeito com alta rejeição e ainda assim obteve menos votos do que vários candidatos estreantes, sem o mesmo suporte político. Sua tentativa de se colocar como vítima de perseguição, sem citar nomes específicos, incluiu críticas direcionadas à imprensa e a adversários, além de um discurso que oscilava entre orgulho de suas ações e ataques rancorosos.
O discurso de encerramento não foi suficiente para apagar as mágoas de uma trajetória marcada por episódios controversos. Rogério Bahia enfrentou críticas pela proximidade com Bebeto Gama, cuja gestão fracassada foi amplamente rejeitada pela população, culminando na impossibilidade do ex-prefeito disputar a reeleição. Além disso, o parlamentar carrega o peso de ações que colocaram em xeque sua lealdade a antigos aliados. Como secretário de Educação na gestão de Janival Borges, Rogério foi acusado de “trair” seus colegas professores ao levar os grevistas ao Ministério Público, atitude que causou indignação entre a classe educacional. Posteriormente, repetiu comportamentos considerados oportunistas, onde traiu o ex-prefeito Janival Borges por amor ao atual Prefeito Bebeto Gama, mesmo Janival tendo “apoiado” a sua primeira reeleição. Sem contar que, o vereador também traiu o prefeito eleito Iêdo Elias em tempos passados, sem reconhecer o apoio que ele lhe deu em sua carreira como professor efetivo da educação municipal.
Em seu discurso, Rogério Bahia rejeitou qualquer responsabilidade por sua derrota, atribuindo-a a fatores externos, como o sistema de contagem eleitoral e perseguições por parte da imprensa. Contudo, sua postura ao longo dos anos — marcada por rompimentos, polêmicas e atitudes que muitos consideram desleais — parece ter pesado mais na balança. Sua relação com a população, especialmente com segmentos que ele próprio representava, como os professores, foi fragilizada por decisões impopulares. Ao encerrar seu mandato, Rogério Bahia deixou no ar a dúvida sobre o futuro de sua carreira política. Embora tenha expressado orgulho de suas ações, sua recusa em reconhecer erros ou fazer autocrítica sugere que, se decidir voltar ao cenário político, precisará reconstruir sua imagem e reconquistar a confiança de antigos apoiadores.
Rogério deixa o Legislativo com o mesmo estilo que marcou sua trajetória: polêmico, combativo, mas, talvez, distante da realidade e das expectativas da população que um dia confiou em sua liderança. A lição final parece clara: No jogo político, lealdade, coerência e respeito ao eleitorado são fundamentais para manter uma carreira sólida e sustentável.